Desvario

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É tudo tão amplo e ao mesmo tempo reduzido. O infinito termina em nós e renasce numa outra dimensão, diferente daquelas que pensamos conhecer. A verdade é que  não conhecemos nada e de muito pouco sabemos... Acho que às vezes nem conhecemos o que deveríamos saber... e vamos nos contentando em com qualquer coisa. Há muito espaço mas está tudo preenchido mesmo que por vazios ou bobagens. Quem disse que tudo tem que ser útil? Nem nossa utilidade é definida... e se ao invés de construtores não passamos de predadores? Há tanto e nada ao mesmo tempo o que faz com que inúmeras possibilidades se apresentem. Somos capazes de reconhecê-las ou ao menos temos senso no momento de optar? A gente está por aí, vagando sem ter amanhã certeiro, vagando pensando se auto direcionar... vagando ao sabor do desconhecido, fingindo não perceber a impermanência, ou pelo menos tentando não se preocupar com ela. Mas não há quem diga que somos eternos no todo? Mas quem disse que somos? Não seria mais lógico dizer que estamos?...

Nina Victor

Um cara inteiro


Para ele, não passavam de manequins,
Corpos sem alma e sem vida,
Dos quais ele se servia sem prestar atenção.
Por anos, passou pelas mulheres 
Como quem passeia por uma rua de vitrines.
Desconhecia seus nomes, rostos ou personalidades.
Usava cada uma delas de acordo 
Com o seu desejo momentâneo e passageiro.
Mas um dia ele foi fisgado e, 
desde então, após a epifania, 
Passou a ser um cara inteiro.

Helio Jenné